Mapa do Engenho Noruega, Cícero Dias, 1933. |
Cícero Dias nasceu em 1907, no Engenho Jundiá, no município de Escada, em Pernambuco. Por ser amigo de Gilberto Freyre foi convidado para elaborar as ilustrações do ‘Casa-Grande & Senzala’ – escolha que foi justificada também pelo fato do pintor possuir em sua memória o cotidiano dos velhos engenhos pernambucanos. Assim, Cicero Dias, no início dos anos 1930 elaborou as ilustrações da primeira edição de Casa-Grande & Senzala e, dentre elas, a mais exuberante e detalhada é a representação do famoso mapa do Engenho Noruega - antigo Engenho dos Bois.
Sobre o complexo da casa grande e da senzala, disse Freyre: "A casa-grande, completada pela senzala, representa todo um sistema econômico, social, político: de produção (a monocultura latifundiária); de trabalho (a escravidão; de transporte, o carro de boi, o bangüê, a rede, o cavalo); de religião (o catolicismo de família, com capelão subordinado ao pater famílias, culto dos mortos, etc.); de vida sexual e de família (o patriarcalismo polígamo); de higiene do corpo e da casa ( o “tigre”, a touceira de bananeira, o banho de rio, o banho de gamela, o banho de assento, o lava-pés); de política (o compadrismo). Desse patriarcalismo absorvente dos tempos coloniais a casa-grande do engenho Noruega, em Pernambuco, cheia de salas, quartos, corredores, duas cozinhas de convento, despesa capela, puxadas, parece-me expressão sincera e completa" (FREYRE: 2002, p.131).