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Sorrisos para a lente do departamento de propaganda do estado: o Interventor na intimidade. Revista Athenas, fevereiro de 1942. Paulo Martin...

Paulo Ramos, um interventor negro

Sorrisos para a lente do departamento de propaganda do estado: o Interventor na intimidade. Revista Athenas, fevereiro de 1942.

Paulo Martins de Souza Ramos (1896-1969) foi governador do Maranhão, eleito pela Assembleia Legislativa (1936-37) e em seguida escolhido Interventor Federal pelo Presidente Getúlio Vargas (1937-1945).

Como representante do regime do Estado Novo, o interventor levou a frente um grande projeto de modernização da capital do estado – abrindo improntes artérias urbanas das quais as avenidas Getúlio Vargas e 10 de Novembro (atual Magalhães de Almeida) foram os símbolos daquele período. Durante seu governo foram realizados os primeiros concursos públicos a nível local; também foi organizada a Secretaria de Justiça do Maranhão. Foram também criados os hospitais Nina Rodrigues e Aquiles Lisboa além do Centro de Saúde Paulo Ramos. Deu grande incentivo às culturas do arroz, do algodão e do extrativismo do babaçu – inclusive publicou o texto “O valor do babaçu na economia nacional”. Dentre as demais medidas administrativas, destacaram-se as relacionadas com a restauração do crédito público e o saneamento das finanças do estado e os primeiros passos para a criação do Banco do Estado do Maranhão.

Além de tudo, como primeiro e único governador negro do Maranhão, enfrentou ‘narizes torcidos’ da elite local que o via com grande desconfiança – mas tais críticas eram contornadas pela vigilância dos órgãos ditatoriais do regime, afinal vivia-se uma ditadura naqueles anos. Com o enfraquecimento do Estado Novo em 1945, porém, as críticas e ataques pessoais ao interventor se tornaram comuns, sobretudo das forças desalojadas do poder em 1936 como, por exemplo, os ataques do futuro deputado e senador Vitorino Freire que, por repetidas vezes o chamava de ‘mulato sem caráter’ e coisas do gênero. Freire, gozando de prestígio junto aos diretores da Revista “O Cruzeiro” fez organizar um surreal concurso para a escolha dos políticos mais bonitos do país e, naturalmente Ramos foi ‘eleito’ como o deputado mais ‘feio’ do país – apelido que o perseguiu pelos anos em que esteve na vida pública. Além de interventor foi eleito deputado federal (1951-1955) e primeiro presidente do diretório do PTB (de Vargas e Jango) no Maranhão – enquanto o oligarca Vitorino Freire foi um dos fiéis apoiadores do golpe de 1964. Após sair da vida pública Paulo Ramos voltou a servir como diretor da Receita Federal no Rio até se aposentar em 1968, um ano antes de seu falecimento.

A primeira imagem é o Interventor com sua esposa, Maria Nazaré Pires Chaves e seus filhos, publicada pela Revista Athenas, em 1941; a segunda é a foto oficial do interventor, publicada pelo Diário Oficial, em 1938.


Foto oficial do Interventor, 1937.

Foto oficial de Paulo Ramos, na ocasião deputado federal, no início dos anos 1950.